quarta-feira, 9 de julho de 2014

Amanhã não é 23


Felipão fala em “12, 13, 14”, mas a verdade é que, dos 23 jogadores por ele convocados, pouquíssimos deverão atuar no Mundial de 2018
 

            Felipão deu pistas, na entrevista coletiva de hoje à tarde, de que acalenta a esperança de dirigir a seleção em mais um Mundial. Seria um contrassenso. Por muito menos, vários outros treinadores de seleção foram demitidos. Mas digamos que a CBF, afeita a ideias descabidas, comprasse o sonho. Teria o “gaúcho de bigode”, como diz a propaganda de um refrigerante, coragem de levar, para o Mundial da Rússia, a base do time humilhado em 2014?

            Crê-se que não, apesar de ele próprio ter preconizado que 12, 13 ou 14 atletas do atual plantel estarão na próxima Copa. E, se houver mudança no comando – essa é a consequência normal para a calamitosa derrota de ontem −, fica ainda mais forte o pendor para mudanças substanciais no grupo de jogadores.

            Leia, abaixo, análises sobre as perspectivas dos 23 escolhidos de Felipão quanto à disputa da Copa de 2018. Os que vêm acompanhados de um NÃO parecem cartas fora do baralho. DIFICILMENTE, POSSIVELMENTE, PROVAVELMENTE e SIM são os outros graus da escala estabelecida.

            É importante salientar que a avaliação aqui realizada tomou como certa a substituição no cargo de treinador. Adiantamos que há apenas um SIM e um PROVAVELMENTE na lista. Há quatro ocorrências de DIFICILMENTE, seis de POSSIVELMENTE e onze de NÃO.
 

Júlio César - NÃO

O ciclo do titular brasileiro em duas Copas acabou. Carreira clubística decadente e idade pesam, mas a certeza do fim da linha também vem do fardo emocional que ele insiste em carregar. Tentou livrar-se dele após o heroísmo contra o Chile, mas o desabafo acabou se revelando precipitado.
 

Victor - DIFICILMENTE

Disse, antes da Copa, que a geração atual de goleiros brasileiros é a melhor de toda a história. A geração anterior a esta contou com Marcos, Dida e Ceni. Não deve ir à Rússia.
 

Jefferson - POSSIVELMENTE

Embora seja um bom goleiro, nunca foi aposta unânime para a baliza brasileira. Sua continuidade na seleção dependerá das predileções do novo técnico e dos rumos profissionais. Chances moderadas.

 
Maicon - NÃO

Estará com 36 anos no próximo Mundial. Para um lateral cujas virtudes dependem do vigor físico, 2018 parece ser um horizonte inalcançável. Além disso, há também o desgaste de dois fracassos em Copas.

 
Daniel Alves - NÃO

Barrado no transcurso da competição e em queda técnica, é outro veterano que não será aproveitado no próximo Mundial.
 

Marcelo - DIFICILMENTE

Reserva no Real Madrid, o habilidoso Marcelo fez uma Copa com a cara de sua trajetória: um tanto irregular. Apesar da juventude (contará apenas 30 anos em 2018), é nome quase descartado num ambiente que anseia por renovação.
 

Maxwell – NÃO

A crise na lateral esquerda é mundial, tanto que o limitadíssimo Höwedes ocupa a posição na forte equipe alemã. A presença de Maxwell na Copa também exemplifica a carência. Talvez nunca mais volte a ser convocado.
 

Thiago Silva - POSSIVELMENTE

O fato de não ter participado da tragédia no Mineirão reforça sua natural candidatura a 2018. Por outro lado, o capitão foi, em determinado momento do certame, o símbolo da fragilidade emocional do grupo. O choro pode respingar em seu futuro na seleção.
 

David Luiz - POSSIVELMENTE

Imediatamente após a hecatombe, declarou que ainda almeja ganhar uma Copa. Terá 31 anos em 2018. Destacou-se em algumas partidas do Mundial, mas a imagem tão profundamente vinculada a esta sofrida campanha em casa pode minar seu caminho.
 

Dante - NÃO

O vídeo dos gols da fatídica semifinal, que será reproduzido à exaustão por muito tempo, mostra Dante desnorteado, correndo a esmo. As cenas, ao contrário de o condenarem, absolvem-no de não ter tentado reagir. O beque do Bayern não teve culpa alguma, mas não é mais um garoto e deve deixar a seleção.
 

Henrique - NÃO

Homem de confiança de um técnico que não deve permanecer no cargo. Foi um dos poucos nomes questionados numa convocação estranhamente “consensual”. Quase nenhuma chance de ir à Rússia.

 
Paulinho - POSSIVELMENTE

Um dos mais complicados prognósticos. Claudicante em sua temporada de estreia na Europa e em sua primeira Copa, o ídolo corintiano tem potencial e idade para chegar com fôlego a 2018. Saiu do Mineirão com ferimentos leves, pois não atuou no cataclísmico primeiro tempo.
 

Luiz Gustavo - DIFICILMENTE

Pertence a uma linhagem de volantes que, depois do fiasco histórico, deve perder espaço para meias capazes de marcar e organizar o jogo, como os algozes Schweinsteiger, Khedira, Kroos e Özil. Ainda assim, performances bastante dignas em alguns jogos desta Copa podem assegurar-lhe mais jogos pela seleção.
 

Ramires - POSSIVELMENTE

Não foi titular com Felipão, e isso pode se tornar uma vantagem na concorrência a uma das vagas para 2018. Terá 31 anos e, se ainda estiver rendendo bem num grande clube europeu, poderá ser, na Rússia, um dos poucos brasileiros com dois Mundiais na bagagem. 
 

Hernanes - POSSIVELMENTE

Situação similar à de Ramires. Transferiu-se recentemente para a Inter de Milão, continua evoluindo na carreira. É um dos poucos meio-campistas brasileiros que reúnem faculdades equiparáveis às dos alemães. Estará com 33 anos na próxima Copa.
 

Fernandinho - NÃO

Os erros individuais do meia do Manchester City contra a Alemanha não explicam a goleada, nem anulam suas boas exibições diante de Camarões e Colômbia. Mas, como foi sacado depois da pior primeira etapa da história da seleção, tende a ficar uns tempos distante dela.
 

Hulk - NÃO

Demonstrou muito arrojo e pouca eficácia nesta Copa. Só irá à Rússia se alguém elaborar a teoria de que ter jogado num clube do gélido país pode facilitar o desempenho no Mundial a ser realizado lá.

 
Oscar - PROVAVELMENTE

Excetuando-se o jogo contra a Croácia, não brilhou no Brasil, porém mostrou um nível de comprometimento que costuma agradar aos técnicos. É bastante jovem, fez dois gols neste Mundial e exibiu capacidade para disputar outros.
 

Willian - NÃO

Ele não sabe muito bem quem é Amarildo. Infelizmente, o desconhecimento da História do futebol é comum entre jogadores brasileiros. Talvez por isso William não tenha feito história nesta Copa. Palpite, valendo um guaraná: não joga em 2018.
 

Neymar - SIM

Único personagem de 2014 que pode aguardar, sem receio, as cenas do próximo capítulo. Nome garantido para toda a longa jornada até o Mundial da Rússia.

 
Bernard - DIFICILMENTE

Bom atacante que cumpriu um ótimo biênio 2012/13 pelo Galo, precisa se afirmar no futebol europeu e superar a traumática derrota no familiar Mineirão. Caso contrário, não aparecerá no álbum em 2018.
 

Jô - NÃO

Uma das escolhas equivocadas da convocação de Scolari. Estará certamente fora da órbita do treinador incumbido de comandar a seleção nos anos vindouros.

 
Fred - NÃO

Numa entrevista concedida ao jornal O Globo, no fim de maio, Fred esbanjava otimismo. Nada, entretanto, saiu conforme o esperado. É provável que não volte a ser chamado.

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